sexta-feira, 28 de junho de 2013

A ENTREVISTA


Um jovem recém-formado na universidade recebeu um telefonema de uma grande empresa, a mesma empresa que ele deixara currículo uns dias atrás. A secretária lhe informou o horário da entrevista e ele respirou aliviado por ter uma oportunidade no mercado.
Acordou no outro dia e foi para frente do espelho, queria caprichar no “marketing pessoal”, afinal, conseguir o primeiro emprego é tarefa árdua. Penteia-se, faz barba, passa loção, acerta as sobrancelhas…quando olhou para o relógio deu um pulo, estava atrasado! Pegou sua carteira, uma maleta com alguns papéis e canetas e saiu correndo pela porta.
Respirou aliviado porque o ônibus 687 que o levaria para o centro da cidade passou no momento que ele chegou ao ponto.
Trinta minutos depois saltou em frente ao edifício onde a empresa se localizava, onde faria a entrevista. Faltam dez minutos para o horário marcado. Mordeu os lábios, aprendera com seu pai que sempre deveria chegar pelo menos dez minutos adiantado a um compromisso.
Adentrou as portas do edifício correndo e se informou com a recepcionista qual era o andar da empresa. Caminhou rapidamente para a direção do elevador, na porta encontrou um senhor, caminhando lentamente, com todo a reumatismo acumulado por anos dedicados ao trabalho que o impossibilitava de ir mais rápido. O jovem jogou o corpo para a esquerda, para a direita e o senhor ainda assim impedia sua entrada no elevador. Por fim, mesmo contra seus princípios, empurrou o senhor e entrou no elevador. Olhou no relógio, sete minutos… Poucos segundos após estava no andar onde faria a entrevista. Esbaforido saiu às pressas, e arrumando a gravata se dirigiu a secretária que estava sentada atrás de um monitor de computador.
- Bom dia, meu nome é Cláudio Arthur e vim para a entrevista.
- Bom dia, Cláudio! – disse receptiva a mulher – Só um momento, por favor. – pegou a agenda e confirmou o horário da entrevista – Pode sentar-se naquela poltrona e aguardar. – disse – Sinta-se à vontade, temos cafezinho e água caso o senhor queira.
O jovem se sentou e um peso saiu-lhe dos ombros, graças a Deus conseguira chegar a tempo para a entrevista. Notou que estava suado. Apanhou uma revista e começou a folheá-la.
Alguns minutos depois um senhor se dirigiu à secretária assim que alcançou com certa dificuldade o local onde ela estava.
- Bom dia, Suellen!
- Bom dia, Sr. Orlando. Deseja que eu leve um café para o senhor? – perguntou cordial.
- Não, obrigado. Vou entrevistar o candidato primeiro. Vou para minha sala e após cinco minutos peça a ele que entre.
O jovem levantou o olhar e viu parado ali, na frente da secretária o mesmo senhor que encontrara no elevador.
O rapaz apenas afundou-se na poltrona.
Marcos Bento
Nelly Garcia

Brilho nos olhos




São muitas as pessoas que desistem de seus objetivos, acham que podem caminhar sem planejar, dizem até que não conseguem que não acreditam mais e que já perderam as esperanças.


Nas palestras que ministro sempre digo que cada um é especial, e é capaz de vencer qualquer obstáculo, mas friso também que é importante acima de tudo acreditar e ir em busca da realização dos sonhos.

E em uma destas palestras, em um município vizinho, um fato me chamou à atenção, eu dizia que devemos lutar pelos nossos sonhos, que é preciso perseverar, sempre afirmando que cada um é especial. Ao terminar uma moça me procurou dizendo que para ela as coisas eram muito difíceis, morava longe da escola, acordava cedo para trabalhar e por isso, quando terminasse o ano letivo não voltaria mais a estudar. Então, um tanto quanto sem graça, afinal, eu havia ficado uma hora falando sobre motivação, perguntei àquela garota se não sonhava em fazer uma faculdade, e ela, sem brilho nos olhos respondeu que as dificuldades encobriram seus sonhos. Desviei os olhos para o horizonte e curioso perguntei: “Quando você sai para viajar o cansaço é mais visível na saída ou quase alcançando o seu destino? Com uma ruga de incompreensão na testa ela me respondeu a segunda opção. Expliquei então que em grandes percursos é natural você sentir-se cansado, mas que tudo é superado quando no horizonte vislumbramos a chegada.

Mesmo assim não satisfeita ela continuou, disse que quando contava seus sonhos para algumas pessoas estas diziam que ela não iria conseguir, tudo era muito difícil. Eu já decepcionado por ver alguém tão jovem enxergar a vida sem perspectiva respirei fundo, expliquei que só ela deveria lutar pelos seus sonhos, mais ninguém, e se não lutasse quem iria colocar a cabeça no travesseiro e lamentar seria ela mesma. Quando completei esta fala observei que agora havia brilho naqueles olhos. Talvez nem tudo estivesse perdido.

E para minha surpresa, há um mês recebi um convite: àquela moça que me deixou sem graça ao final de uma palestra se formaria em pedagogia, e fazia questão que eu estivesse presente em sua colação de grau.

Sonhar é preciso, mas acreditar e lutar pelos seus sonhos é imprescindível.

                                                                                               Marcos Bento

terça-feira, 29 de novembro de 2011